A Taça é delas!
“Abrir o mercado da China foi uma experiência pessoal memorável -lembra a carioca Iduna Weinert, segunda geração da Bodega e Cavas de Weinert– Após uma longa viagem, cheguei no Xangai e Beijing justo no dia do meu aniversário, e lá recebi uma bela acolhida. Para mim, foi um grande desafio a aprendizado ter chegado até uma cultura tão diferente; aliás, em 2005, eram poucas as vinícolas que vendiam seus vinhos na China”, conta ao blog vinhosargentinos a diretora da vinícola fundada em 1977, em Mendoza, pelo seu pai.
“É bem bacana ver o desenvolvimento das mulheres na indústria, desde sommeliers, jornalistas, enólogas, gerentes de exportação; a mulher tem muito para aportar, com essa paixão que a caracteriza” afirma Iduna, que começou na empresa como estagiaria de enologia, em 2001.
Para Marina Beltrame, a fundadora da Escola Argentina de Sommeliers (EAS), “se abriram mais portas sendo mulher. Me especializei em vinhos e virei sommeliere em um país que tinha tudo para fazer. Hoje, as mulheres têm um lugar em todos os campos e as possibilidades são imensas” opina uma pioneira na formação de sommeliers da Argentina, que fala sobre sua paixão pelo Brasil. “Sinto muita conexão com o Brasil, país onde consegui o meu primeiro trabalho em hotelaria” diz Marina, formada na Ecole de Métiers da Table, em Paris, na França.
Superação e Respeito
Julia Halupczok, gerente de produção da vinícola Sophenia, comenta como ela aprendeu a desafiar-se, no início, com algumas experiências não tão boas: “Em uma entrevista de trabalho, não me aceitaram por ser mulher, me perguntavam se pensava em ter filhos; me disseram que isso não era compatível. Outra vez, um operário me falou que ele jamais iria receber ordens de uma mulher. Essas experiências me ajudaram a fortalece-me. Hoje me sinto feliz, e somos muitas as mulheres que estamos no mundo do vinho. Isso, para mim, é prazeroso” diz a vinhosargentinos a engenheira agrônoma, e criadora do seu próprio projeto, em parceria com sua amiga Celina Fernandez: Pulso Wine.
Na visão da jovem agrônoma Daniela Mezzatesta, “existem excelentes profissionais ocupando cargos nos vinhedos, nos restaurantes, na sommeliere, na pesquisa. Tenho a sorte de trabalhar com grandes mulheres, entre elas, Belen Iacono e Laura Catena”. Daniela estuda os solos de altura “em especial, o vinhedo Adrianna (Catena) a quase 1.500 mts. Pesquisamos a composição dos solos e de que forma pode impactar na planta, nas uvas e nos vinhos, para tentar interpretar junto ao consumidor as diferenças dos Malbec”, explica Daniela, que a partir de 2013 trabalha no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Catena Institute of Wine.
Enólogas se graduando em Mendoza
A paixão de Jimena Lopez pela enologia começou na faculdade, que “coincidiu com meu primeiro trabalho de analista de colheita, na vinícola Chandon, de Mendoza. Fui a única mulher que se formou como enóloga na turma de 1993. Hoje, felizmente, mais da metade das alunas são mulheres” afirma Jimena, enóloga assessora de Funckenhausem Vineyards, e do Graffito, o seu projeto pessoal.
“Após vários anos no laboratório, queria demostrar que também poderia ser parte da equipe técnica dentro do vinhedo. O estúdio e a constância me ajudaram a trabalhar em vários países. Agradeço as oportunidades que me deram os homens, dos quais aprendi, e alguns deles foram generosos comigo. Acredito ainda que a melhor equipe é uma mistura de mulheres e homens, porque se complementam bem”, diz a experiente professora da faculdade de enologia Don Bosco de Mendoza.
Valeria Antolin é enóloga principal da Piattelli Vineyards há dezesseis anos. Ela se considera afortunada. “Quando comecei aqui era um vinhedo pequeno. Construímos duas cantinas, implantamos vinhedos, e agora há um projeto de um Wine Resort na região de Cafayate. Nunca me senti discriminada pelo fato de ser mulher, pelo contrário, os trabalhadores do vinhedo me respeitam. Na Argentina atual, menos de 5% das vinícolas são lideradas por uma mulher, mas isso pode mudar em breve” acredita.
“Hoje somos respeitadas” opina a engenheira agrônoma Maia Echegoyen, uma das responsáveis pelo projeto Altar Uco. “Temos voz, representatividade e estamos ganhando lugar, porém, ainda não existe igualdade com o homem” assegura Maia, que fez pós-graduação em viticultura e enologia.
No Comments