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De garçonete a Melhor Sommelier das Américas

08/03/2022 No Comments

A consultora e professora, portenha de 37 anos, consagrou-se recentemente como a Melhor Sommelier das Américas e será representante do continente no mundial de Paris 2023. Pela segunda vez, uma mulher argentina ganha uma “Copa América” no Chile (Em 2015, a vencedora tinha sido Paz Levinson). Dessa vez, em fato inédito, os compatriotas de longa trajetória (Valeria Gamper e Martin Bruno) disputaram a decisão: Ela levou o maior reconhecimento do certâmen e ele a terceira colocação. Nesta entrevista exclusiva com o blog Vinhos Argentinos, a eleita Melhor Sommelier Argentina em 2019 (além de duas vezes vice a nível nacional) conta sua história e opina do mercado.

Fotos gentileza ASI (Association de la Sommelierie Internationale)

“Sempre tive a ilusão de ganhar esse prêmio. Foram muitos meses de preparação e estudo, então quando falaram meu nome, fiquei emocionada! Dedicatória?… Na verdade, dedico este prêmio para mim mesma rs. É uma conquista pessoal que realmente me orgulha. Me incentiva à preparação do Mundial Paris 2023. Hoje estou fazendo o WSET Diploma e preciso focar nisso, além do trabalho e da minha família. Gostaria de cursar o Advanced Sommelier da Court of Master Sommeliers, além de viajar muito mais neste ano e percorrer diferentes regiões. Avaliarei pessoas para poder treinar junto. Principalmente, gosto muito de ouvir meus colegas e também estar cercada de pessoas boas”

A pandemia bateu com muita força no setor”

Fotos gentileza ASI (Association de la Sommelierie Internationale)

“Quais mulheres me inspiram? Muitas! Maria Barrutia, Flavia Rizzuto, Paz Levinson, Andrea Donadio, Valeria Mortara, entre outras. Vejo grandes profissionais e colegas que trabalham duro para promover a profissão de sommelier em seus países. A dica que eu daria para qualquer profissional do vinho é que mantenham a humildade, que continuem se capacitando e que desfrutem muito do seu ofício. Na Argentina, por exemplo, a carreira de sommelier está bem desenvolvida academicamente, com um estudo basilar de três anos no mínimo, especialmente na CAVE (Centro Argentino de Vinos y Espirituosas), onde eu me formei. Na época, era difícil porque a profissão no meu país estava sendo pouco divulgada. Hoje é diferente, porém entendo que a pandemia bateu com muita força no setor!”

Fiquei surpresa ao experimentar espumantes brasileiros”

“Fui só uma vez ao Brasil a trabalho, uma visita breve, não deu tempo de circular muito. Provei alguns vinhos e fiquei bastante surpresa, especialmente com os espumantes brasileiros. Gosto muito da diversidade, das novidades, da pouca produção, e quando recomendo algum rótulo, a minha sugestão está mais voltada para o paladar e benefício do cliente. Na minha visão, o mundo do vinho, em geral, deveria seguir o caminho da sustentabilidade. Os winemakers sub 40 estão sendo muito criativos, é lindo de ver o que está acontecendo na Argentina. Existem desafios ainda, como por exemplo aqueles que as vinícolas precisam enfrentar na hora de colocar seus vinhos no exterior e se adequar a cada mercado. Alguns mais competitivos do que outros. Há um desconhecimento generalizado dos diferentes estilos de elaboração, das regiões e da grande qualidade destes vinhos”

Eu não tinha o hábito de consumir vinho”

Fotos gentileza ASI (Association de la Sommelierie Internationale)

“Nos meus inícios, não sabia fazer nada, nem café. Era bem jovem. Na época, não existiam máquinas do café expresso, nem capsulas, foi tudo um grande aprendizado para mim. Gostava muito da gastronomia, mas não tinha o hábito de beber vinho. O meu primeiro trabalho foi como garçonete em jantares do Four Seasons Buenos Aires, foi o que me abriu portas enquanto prestava hotelaria. Mais tarde, fui funcionária CLT no hotel. Sempre gostei muito do serviço e a minha paixão pela gastronomia estava ligada, principalmente, ao salão do restaurante. Sinto admiração pelos cozinheiros, mas eu não me enxergava trabalhando na cozinha”

Asaditos e comida caseira

“Moro em Pamplona, Navarra. Chegamos na Espanha em março de 2020, um dia antes do confinamento obrigatório e em um momento bem difícil… Nos mudamos com a minha filha e meu marido pensando em um plano de vida familiar, e para minha profissão é muito importante ter experiência no exterior. Saudades? Sim! Da minha família, dos amigos, da emoção com a qual me expressava com aqueles que tenho intimidade. Tenho belas lembranças daquelas mesas familiares em Buenos Aires nos finais de semana, da deliciosa comida caseira, do cheiro do assado, das pizzas, das massas artesanais. Uma harmonização especial? Hum. Pode ser alguma da região norte da Argentina, amo! Um Torrontés com uma empanada de humita”.

Diego Graciano

Jornalista e sommelier.

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