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Argentina, muito além do Malbec

09/02/2021 No Comments

“O público ainda desconhece as castas nativas, as Criollas; E hoje, os viticultores estão oferecendo exemplares incríveis de vinhos feitos com essas variedades”, afirma a sommeliere Samara Portela. “Vinhos produzidos com uvas menos convencionais são os que mais demandam um trabalho dedicado em comunicação e serviço”, opina a brasileira radicada em Buenos Aires, sobre as cepas menos populares da América Latina.

Samara enumera em exclusiva para o Blog Vinhosargentinos alguns exemplos: “O Moscatel Rosé, branco e tinto. A Criolla chica e Criolla grande, a Pedro Ximenes da região de Lavalle, em Mendoza, da Mariana Onofri, o corte de tintas Garnacha, Syrah e Monastrell, as brancas Marsanne, Rossanne e Viognier de Los Chacayes, no Vale do Uco, as variedades de passas que Santiago Salgado vinifica em San Rafael, o famoso laranja de Malvasia e o Bequignol do produtor German Masera, o Albariño elaborado em Chapadmalal, província de Buenos Aires…”.

O winemaker Alberto Cecchin, que desde sua vinícola orgânica em Maipú, (Mendoza) vive entre ameixas, nogueiras, plantas e muita biodiversidade, realizou um vídeo exclusivo para Vinhosargentinos onde ele mostra imagens das peles flutuando e o “chapéu” das Criollas e do Carignan, ambos varietais, sem adição de sulfitos.

Rogelio Rabino é mais um enólogo que investiga as variedades não tradicionais de Mendoza. Precisamente, na região de Agrelo, em Lujan de Cuyo. “Em 2016, nós plantamos Ancellota e Marselan para avaliar as características enológicas e vitícolas destas duas cepas no terroir mendocino. Ancelotta possui um grande potencial, concentração de cor e boa estrutura, e a Marselan, têm uma bela expressão e muita fruta” conta o viticultor da vinícola Bodegas Kaiken.

Mariana Onofri, responsável pela Onofri Wines, afirma que ela gosta de aprender sobre variedades diferentes de Mendoza. “Além das uvas clássicas que produzimos, como a Bonarda e Pedro Ximenes, nós enxertamos em pé antigo de 1940, a Carignan, Monastrel e Teroldego, e essas três uvas estão mostrando grandes resultados! O Carignan nos surpreende pela sua acidez e frutas vermelhas. A Teroldego é interessante pela sua concentração e acidez, e utilizamos a Monastrel para nossos rosés e como blend com Bonarda. Nos vinhedos, temos a Garnacha, Marsanne e Roussanne. Elas têm uma excelente expressão e gostam deste clima cálido”, comenta a sommeliere que produz nas regiões de Lavalle e Los Chacales.

Para Marcelo Miras, enólogo da vinícola Bodega Miras, há uma variedade muito antiga (originaria do leste da França) que se dá muito bem na província de Rio Negro, na Patagônia: “A uva Trousseau, e também conhecida como ‘Bastardo’, consegue ter diferentes pontos de maturação em um mesmo racimo. Isso, traz vinhos com ótima cor, estrutura e acidez equilibrada. Eu gosto muito de trabalhar com a Trousseau. Precisamos seguir cuidando e cultivando ela na nossa região. Hoje, contamos com apenas dez hectares”, ele conta.

“Os perfis dos varietais nos permitem avaliar também os diferentes paladares do consumidor” opina Gonzalo Tamagnini, Licenciado em enologia e criador do projeto Desquiciado Wines.“A uva Pinot Gris é uma variedade nobre, de origem italiana, e dependendo do tipo de maturação, preferimos seu sabor cítrico ou tropical? A Garnacha tem pouco tanino, são vinhos complexos e fluidos, com aromas sedutores, algo de especiarias e frutas. E o Petit Verdot é um complemento importante para oferecer estrutura aos Cabernet Sauvignon, por exemplo”.

Segundo o depoimento de Norberto Paez, enólogo da  Paso a Paso Wines (junto com Sebastian Bisole) as Criollas “são uvas únicas que representam a identidade de uma região e de um país” diz ao blog Vinhosargentinos o produtor que cultiva Criolla Grande, Criolla Chica, Moscatel rosada, Pedro Ximenes, Torrontés, entre outras. “Essas variedades estão implantadas desde finais dos anos ‘60, e são uvas que gostaríamos de continuar trabalhando no futuro. São aromáticas e com muito suco. Elas têm a capacidade de desenvolver qualquer estilo de vinho: branco, tinto, tinto ligeiro, tinto de guarda, espumante, vermute, vinhos tardios, entre outros”, finaliza.

Diego Graciano

Jornalista e sommelier.

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